Há muito tempo eu penso em qual a melhor maneira de me apresentar, de escrever sobre mim, de simplesmente verbalizar para conhecidos um pouco do meu íntimo. Escrita é exposição, por isso eu resisto há muito tempo em compartilhar os meus pensamentos, sentimentos e reflexões sobre a vida.
Eu nasci em 1997, fui alfabetizada aos 4/5 anos de idade e desde então nunca mais me afastei do campo da escrita, literatura e saber. A minha grande influenciadora foi a minha falecida avó, a qual mesmo analfabeta, presenteou-me com revistas em quadrinhos que compuseram minha formação tanto na escrita quanto no desenho.
Quando tomei consciência das letras eu tomei consciência do ar que eu respirava. Nesse sentido, o mais profundo do meu ser era abraçado pela comunicação escrita. O meu silêncio passa a ter voz, o meu silêncio passa ter aconchego e principalmente, privacidade. Eu ainda tenho baús de coisas escritas só para mim mesma, as quais o eu atual receia em revisitar.
A escrita é a responsável pela relação bem resolvida que eu tenho comigo mesma, porque eu fui capaz de na solidão dessa atividade, compor um campo de mim para mim, do encontro solo e acompanhado da minha pessoa.
Hoje, eu compreendo que a escrita e a acompanhante leitura fazem uma dança necessária na comunicação social. Escrever para não ser lido é narcisístico, egoístico, mesmo que necessário na maior parte do tempo.
Nesse sentido, faço questão de compartilhar fragmentos esparsos da minha pessoa, para que nas palavras de um amigo pessoal muito importante:
“talvez pessoas que não tenham o atrevimento ou quaisquer vontades, possam talvez vislumbrar novas versões… possibilidades em si mesmas…”
Ele é generoso, um pisciano importante em minha vida também pisciana. Por vontade e por convocação, salvo aqui muitos de meus pensares.
(Aline Ernesto, 2019)
			



