
Carta a minha filha, obra publicada primeiramente nos Estados Unidos em 2008, seis anos antes do falecimento da escritora, é a conversa franca de uma mãe que não teve filha de sangue — apenas um filho — , mas considera ter milhares de filhas. “Vocês sõa negras e brancas, judias e muçulmanas, asiáticas, falantes de espanhol, nativaaas da américa e daas ilhas Aleutas. Vocês são gorsas e magras, lidas e feias, gays e héteros, cultas e iletradas, e estou falando com todas vocês. Eis aqui minha oferenda.”
Publicado em 2019 no Brasil pela editora Agir, o livro é dividido por 28 capítulos curtos em que Maya nos separa fragmentos significativos de momentos da sua vida para nos dar uma mensagem, a de que a vida está aqui para ser vivida por nós da melhor forma possível.
O livro pessoalmente emocionante para mim porque a escritora, no auge de seus setenta e poucos anos ainda duvidava de seu talento e nos mostrou de modo franco, o quanto ainda nutria inseguranças com a escrita.
“Quando decido escrever, fico presa à minha insegurança, apesar de todos os prêmios que já ganhei. Penso: “oh-oh, agora eles vão descobrir que sou uma charlatã, que na verdade não sei escrever, muito menos escrever bem.” Quase desisto; então apanho um bloco amarelo novo e, quando me aproximo da página, penso no quanto sou abençoada.”
Ainda, nos capítulos ‘Revelações’, ‘Dando a luz’, ‘Violência’ e ‘Mamãe e sua visão de longo alcance’, Maya consegue nos demonstrar como vivenciou a sua primeira relação sexual, engravidou, deu a luz, sofreu outra agressão sexual e como sua família sempre foi luz em seu caminho.
A vida de Maya foi complexa, mas em seus relatos ela consegue demonstrar força, dor e leveza. Bem como muita ternura, ao expressar que mesmo tendo sido criada pela avó na maior parte de sua vida, a sua mãe ajudou a realizar o seu parto.
Ele me mostrou um quarto, onde nós dois nos despimos. O encontro desajeitado mal chegara a 15 minutos e eu já esstava vestidaa e na porta da frente.
Não me lembro de ter dito “até logo”.
Lembro-me de ter descido a rua perguntando a mim mesma se aquilo era tudo e desejando um demorado banho de banheira. Tomei o banho, e aaquilo não foi tudo.
Nove meses depois, tive um lindo menino. O nascimetno do meu filho teve como resultado me fazer criar coragem suficiente paara inventar minha vida.
Aprendi a amar meu filho sem querer tomar posse dele e aprendi a ensiná-lo a aprender sozinho.
Hoje, mais de quarenta anos depois, quando olho para ele e vejo o homem maravilhoso que ele se tornou, marido e pai amoroso, bom poeta e ótimo romancista, cidadão responsável e o mellhor filho do mundo, agradeço ao Criador por ele ter me sido dado. A revelação é que aquele dia, há tnato tempo, foi o melhor dia da minha vida — Aleluia!
É evidente que Maya tenta nos ensinar a olhar a vida com mais carinho e também com maturidade. Que não soframos com situações que não se possa mudar, e que se possível, que nós mudemos o nosso olhar.
Por fim, Maya demonstra que é sempre tempo de aprender, uma vez que depois de se instalar na Universidade de Wiston-Salem, após três meses de ensino pôde perceber que não era uma escritora que ensina, e sim uma professora que escreve.
Jennifer Ernesto, 2019




