Eu precisei revisitar meu último escrito para entender o sentimento que eu carregava ao começar o ano, e aquele que eu carrego agora.
Após um ano novo muito gostoso — ainda que continuemos assolados na crise covid19 — , eu estava me sentindo muito bem, apesar de estar em fase de negação sobre os meus sentimentos pelo meu amado ex-namorado, eu me sentia próspera, eu estava com vontade de viver os desafios que 2021 viriam a me trazer.
Ocorre que, entre remembers e frustrações em relações de amizade, eu fui me debruçando em filmes antigos, em novas séries e no mais profundo de mim sobre os meus sentimentos. Eu fui obrigada a viver mais uma vez uma espécie se luto. E, infelizmente, eu não fui criada numa sociedade que aceita a temporalidade das coisas e a constância de términos e lutos. Nós fomos criados para fugir da dor a qualquer custo, esquecermos que somos humanos e desafiarmos a existência. Nesse contexto, eu senti a dor do rompimento ao mesmo tempo que eu percebia a aproximação de outros laços.
A gente aceita o amor que a gente acha que merece, bem como nós atraímos aquilo que a gente vibra. E, em janeiro eu pude perceber que eu estava tentando cobrir um vazio substancial em relação à afetividade. A ferida exposta em meu corpo sobre a rejeição constante nos relacionamentos, bem como a dificuldade da manutenção dos vínculos foi ficando cada vez mais evidente e foi doendo, doendo, doendo até que ficou impossível ignorar as fragilidades.
Tenho medo. E o medo se torna maior quando tentamos evitar entrar em contato com ele, ou fingimos que ele não existe. Há uma repetição constante de padrões de comportamentos que acaba por atrair justo aquilo que eu quero afastar.
E, foi assim.
O me sentir desejada de forma intensa e respeitosa foi um ponto fortíssimo na minha relação com o exnamorado. A lacuna infantil do afeto amoroso era coberta pelo seu excesso de amor, cuidado e de bom senso.
A amizade desequilibrada demonstrou o quanto os meus limites são flexibilizados em prol de afastar a solidão. Não foi saudável e terminou numa grande frustração, uma vez que a pessoa costumava fazer o contrário do que eu faria com ela.
Um mês de muita ventania e mudanças, e agora vibro numa casa em que impera o equilíbrio e felicidade. Eu tenho medo de me frustrar, é óbvio. Mas, acredito que eu estou um pouco mais aberta para a temporalidade do que eu estava antes. O ano de 2020 foi intenso e gastei muita energia com as demandas externas.
Eu tenho um emprego novo para me estabelecer onde eu tenho uma chefe que me respeita, e quero ser forte o suficiente para viver em equilíbrio nessa relação.
A construção de um relacionamento afetivo amoroso padrão não é uma prioridade nesse momento, mas, foi incrível perceber a falta que me fazia ser bem quista, desejada e acalorada por outro corpo.
K.T.S.E. — Teyana Taylor https://open.spotify.com/album/0mwf6u9KVhZDCNVyIi6JuU?si=tgCWg0XdQRG8oYlpJdYEDw
			



