Desde criança a sala de aula sempre me foi um habitat natural. Sempre soube todas as matérias, a nerd, cdf, sem dificuldades alguma com conteúdos. A dificuldade eram as relações interpessoais. Meu cabelo não se adequava, meu corpo não cabia, eu não era o padrão boneca esperado, e assim por diante me encontrei sozinha.
Nos estudos, eu sempre me senti amplamente acolhida. Saber me dava mais vontade de saber e assim por diante. Filósofa por natureza, por simples amor à sabedoria. Eu nunca deixei de perguntar “porque, por que, porquê e por quê”.
No entanto, conforme eu envelheço e o conhecimento se acumula, eu me deparo com o afastamento dele, porque em realidade: muita desigualdade, no sentido estrito da mensagem. Porque, de que vale alguns conhecimentos se não forem aplicados para que o sofrimento de muitos diminua? Para mim, de pouco vale. Para muitos, de pouco vale.
Mas, da cadeira que me sentei na frente do computador, eu me vi debatendo: assuntos óbvios, sobre o mínimo razoável sobre a humanidade da vida, sendo intensamente interrompida e encurralada, para receber alguns parabéns no privado.
Muita politicagem, pouca ciência. Infelizmente, Humberto Eco, isso continua sendo a construção de uma tese.
(Jennifer Ernesto, 2021)
			



