Que saudades eu tenho de algumas versões minhas. Versões mais ingênuas, aquela que acreditava que o mundo poderia ser mudado mais facilmente, aquela que acreditava em amores à primeira vista, aquela que acreditava que as pessoas não mentiam de propósito, elas só não sabiam…
Que saudades eu tenho da esperança de que dormir resolverá todas as angústias e que acordar é uma nova possibilidade de sonhar e construir o novo. Mas, essa é uma saudade que eu tenho de hora em hora, porque essa é a saudade de algo que não foi embora. É uma saudade específica, a da facilidade antiga de ser assim. Hoje, é preciso fazer mais força para continuar a ter esperança.
Para alguns pode parecer estranho ter saudades de si mesmo. Bom, a minha relação mais antiga é comigo mesma e nem sei ao certo quando começou. A maior parte do meu tempo é sozinha – desde muito criança. Então, meu passatempo sempre foi o pensamento, a escrita e a leitura. Campos confortáveis!
Uma saudade que não sinto é a da vergonha dos meus sentimentos e da pouca confiança para sustenta-los. Fui grata pelo processo introspectivo dolorido, mas hoje eu com certeza amo ser uma introspectiva convicta, que por vezes torna público migalhas de profundos sentimentos.
(Jennifer Ernesto, 2021)
			



