Andar de bicicleta permite que se enxergue a construção da maturidade. Isto porque, a atividade impõe — no mínimo: atenção, condicionamento físico e água.
Observar os faróis, atentar-se aos pedestres e, ainda, aos infratores do Código Brasileiro de Trânsito. Pedalar em São Paulo é um hábito difícil de ser construído, uma vez que mais de 13 mil ciclistas morreram nos últimos 10 anos (https://autoesporte.globo.com/carros/noticia/2020/09/mais-de-13-mil-ciclistas-morreram-no-brasil-nos-ultimos-10-anos-falta-de-estrutura-explica-o-indice-de-acidentes.ghtm), e além disso, a pandemia provocada pelo SarsCov2 está longe de acabar (https://news.google.com/covid19/map?hl=en-US&mid=%2Fm%2F01hd58&gl=US&ceid=US%3Aen).
Ou seja, é possível a comparação de pedalar com o crescimento e amadurecimento. São atividades de risco. Não há como sair ileso. Não há como não mudar, independente de como se dará a mudança.
O passeio de bicicleta permite a lembrança de outros tempos, moradias e outras relações. A velocidade da mudança pode ser tão fatal quanto atravessar um farol vermelho. Passa-se raspando do impacto decisivo. Um quase atropelamento. Uma quase morte ali entre tantas outras.
Muitas mortes são necessárias para que novas vidas possam existir. No entanto, a morte abstrata, poética é mais palatável que a morte física que deixa incontáveis lutos e desistências…
minutos de silêncios são incapazes de acalentar a dor do trágico, mas a tentativa é importante, é tentando que o caminho da digestão é construído…
Incômodos de ordem educacional e psicanalíticos incentivaram essa reflexão, porque chegou o momento de entender a co participação nos problemas, nos conflitos com os outros.
Nem o inferno nem o paraíso são os outros! (— parafraseando Sartre…)
Odiar um cenário do qual foi escolhido participar é permitido, mas não leva a lugar algum senão ao sofrimento constante y sustentação de respostas superficiais.
Além disso, a sombra de outrem também não é tão pior, quando se analisa o caminho para o estopim do conflito…
Tão co participante quanto responsável pelo incômodo.
Talvez, pedalar será sempre mais fácil que amadurecer!
(jennifer ernesto, 2021)
			



