Com frequência eu me pergunto “como estão os meus desejos?” e sou capaz de me surpreender, por bem ou por mal.
Por exemplo, ontem, eu pensei que queria um rolê mais pisciana, tranquila e profunda, viajando para o espaço das ideias. Mas, descobri que as minhas interações eram intensas na energia de uma escorpiana. Estar dos pés a cabeça com a energia de viver como se não houvesse amanhã é algo que me assusta. Até porque, exercer desejos libertinos cambaleia na linha tênue da (ir)responsabilidade.

Ao longo dos anos e dos trânsitos das amizades eu acumulei histórias que a minha mente saliva ao lembrar, outras, não tão boas. Mas, eu tenho vivido com o sentimento de que a gente só sabe o que gosta se a gente experimenta. E, a arte de experimentar permite os encontros, as surpresas e as dores e delícias da vida.
Ser uma mulher negra desejante é um lugar que eu vivo cada vez mais intensamente. E, apesar de estar explícito o teor de luxúria, os desejos vão além dos carnais.
Desejar tomar um café sozinha é tão gostoso quanto ser enfoque do desejo de prazer do outro. São experiências diferentes, mas que para mim, acabam por tocar lugares emocionais semelhantes.
Viver é desejar, desejar é viver. E nas oportunidades e convites, a pele preta retinta da mulher carioca e o seu sotaque me chamaram e me embrulharam para nadar mares pouco explorados. E, mesmo em terras cariocas, um homem negro paulistano também me convidou aos seus desejos, aos meus desejos e aos nossos desejos… isto me fez lembrar a parte boa da dinâmica tensionada com homens.
As dinâmicas se entrelaçaram no desejo dela por mim, no desejo dele por mim, e no meu desejo por ambos. Fui foco dos desejos. Desejei e explorei em dobro e simultaneamente.
E, apesar de sentir tais desejos há tanto tempo e, por vezes até exercê-los… a naturalidade dos acontecimentos naquela madrugada e no rio de janeiro, deixou-me no êxtase e com vontade de quero mais.
Altas luxúrias.
Jennifer Ernesto
06.01.2023
Rio de Janeiro/RJ
			



